CAPITULO 01
O TIGRE PRETO
Uma
noite de vinte e seis de abril se encerrava; o dia estava amanhecendo, e o
relógio já marcava as cinco horas da manhã, hora em que as pessoas da pequena
cidade de Sousa no interior da Paraíba costumam caminhar, sob o sol e canto dos
pássaros. As pessoas escolhiam caminhos diferentes para caminhar devido a
muitas opções de trilhas que se cruzavam.
Havia
uma trilha especial que ninguém jamais caminhara por ela, e monotonia das
mesmas trilhas de sempre começaram a não
ter mais graça. Dois jovens caminhavam sempre pela mesma trilha, todos os dias
chegavam a casa e todos os dias retomavam suas vidas.
Aécio
e Pedro eram dois jovens amigos que compartilhavam uma casa quase no final da
rua principal da cidade. Aécio é um rapaz forte baixo e moreno, tinha feições
de determinação, e é muito fã de filmes como os de Bruce Lee, e Chuck Norrys,
já Pedro é mais alto, com a pele clara, e bem largado, até parecia que só ia
para as caminhadas para acompanhar seu parceiro.
Na
manhã seguinte depois da mesma caminhada pelo mesmo percurso, eles se sentiam
quase como um relógio despertador, fazendo as mesmas coisas todos os dias nas
mesmas horas. Pedro não estava contente com tudo que estava acontecendo.
-
Aécio, vou parar de fazer isso por uns tempos – disse Pedro
-
Mas por que? – perguntou Aécio
-
Eu estou entediado, não quero mais
-
Tudo bem, eu aproveito e conheço outras trilhas – disse Aécio pensando na
trilha que ninguém jamais passara.
Na
manhã seguinte quando Aécio saia para a caminhada matinal, ele se sentiu bem
mais disposto do que nos outros dias que se passaram, ele saiu sozinho pelas
ruas até chegar nos cruzamentos das trilhas, e decidiu seguir pela trilha que
ele imaginou na manhã passada.
Ele
andou alguns quilômetros na nova trilha, que agora parecia igual as outras, as
mesmas arvores, o mesmo cântico dos pássaros, a não ser por um alto morro que
existia mais a frente no fim da trilha, e em mais a frente na estrada uma placa
coberta de poeira, e com letras desenhadas a mão se lia: “pessoas morrem se
passarem o morro, mantenham-se afastados”; Aécio se via entre vários tipos de
sensações, a de curiosidade, querendo saber o que havia depois do morro, mas
também estava com medo de morrer.
Dias
se passaram até que Aécio sentiu que era hora de ver o que acontecia depois do
morro. E ao se aproximar mais do que de costume, ele ouve barulhos de sinos e
pessoas gritando, como se fossem dois homens que estivessem travando uma guerra
um com o outro, e o barulho dos sinos eram ensurdecedores, era a primeira vez
que ele ouvia aqueles barulhos, ele sentia que era a oportunidade de saber o
que acontecia depois do morro.
Ele
pegou um impulso no começo do morro, então começou a escalá-lo, parecia
simples, ele ainda tinha um pouco de energia, se agarrando nas pedras quase
soltas ele alcançou metade do morro, onde era uma parte mais fácil e mais reta
e bem gramada, quando ele conseguiu chegar a o topo do morro, ele se escondeu atrás de um pequeno toco de
arvore, e olhando lá pra baixo onde via-se dois homens com roupas pretas e
vermelhas com faixas no cabelo e na cintura, nada podia se escutar da conversa
dos dois mais só gritos muito altos, e sinos gigante nas duas torres que
cercavam um grande templo, com estatuas muito altas com cerca de quatro metros
cada, no meio de duas delas um portão dourado entreaberto.
Os
dois homens andam lutavam entre si, e passaram assim por mais uns dez minutos
em seqüência de socos e chutes, e alguns movimentos que lembravam animais,
Aécio reconheceu alguns movimentos por causa dos filmes que assistiu varias
vezes. Só depois eles pararam de lutar, se cumprimentaram, foi onde Aécio pode
reparar mais nos dois, eles tinham diferenças, um era forte e moreno bem claro,
e o outro também era forte só que loiro, os dois usavam tiras douradas em seus
braços.
Aécio
sentia uma vontade enorme de se aparecer para os dois, porém seu medo foi
maior, desceu o morro rumo a cidade, depois de andar alguns quilômetros, chegou
em casa, já eram quase sete a manhã, ele havia passado muito mais tempo do que
de costume nas caminhadas, e seu parceiro Pedro ainda estava dormindo, mas ele
não esperou até ele acordar, chamou pelo colega.
-PEDRO,
ACORDA, ACORDA, VOCÊ TEM QUE VIR COMIGO, VOCÊ PRECISA VER ISSO – Aécio falou
tão alto que sua garganta agora doía
-È
mehor que seja importante – Respondeu Pedro sonolento
-Venha
logo comigo – disse Aécio.
Aécio
puxou Pedro até a porta do quarto, onde só deu tempo para que pero vestisse uma
roupa normal e calça-se sua sandália. Então os dois correram para ver o que
Aécio tinha tanto pra mostrar a Pedro, após andarem alguns quilômetros, os dois
já estavam próximos do morro, Aécio ajudou Pedro a subir e subiu em seguida,
Pedro chegou antes no topo, e ficou de boquiaberto com o que via, Aécio falou
com ele que eles não poderiam aparecer agora, então os dois se esconderam mas
Pedro continuava a observar a sua frente.
-Nossa
que lindo – Disse Pero admirado com sua visão, ele parecia em êxtase.
-Eu
ti disse que você precisava ver – Acrescentou Aécio
-por
que nós nunca tínhamos vindo por essa trilha ante? Esse lugar é lindo!
-Vê
aqueles sinos? Todos os dias eles tocam quando eu caminho por aqui!
-você
ta apontando pro lugar errado, os sinos estão ali, perto daquela igreja!
-Que
igreja? – perguntou Aécio em tom de surpresa -, aí só tem um templo com essas
estatuas, gigantes!
-Eu
só vejo uma igrejinha com cercas lindas ao redor ao seu lado tem um sino, e por
trás tem rio que passa por baixo de uma pequena ponte de madeira.
Aécio
olhava para o templo que não se parecia em nada com uma igreja, e olhava também
para Pedro que parecia ainda extasiado pela beleza que ele via a grama cortada,
e algumas arvores bem podada.
-Vamos
Pedro, Vamos voltar pra casa – Chamou Aécio pegando no braço de Pero
conduzindo-o até o meio do morro onde os dois conseguiram descer, e pegar o
rumo de casa.
Aécio
não aceitava que Pedro visse algo diferente do que ele via, a era muito claro
que havia ali um templo de Artes Marciais.
Ao
chegar em casa eles tomaram café da manhã juntos, e Pedro foi trabalhar em uma
construção ali perto, Aécio também era ajudante na mesma construção, mas ele
havia ganho um dia de folga então ficou em casa.
Aécio
aproveitou a folga pra comer algumas e assistir alguns filmes. No horário do
almoço, quando Pedro chegou em casa, com a cara de alerta para Aécio, anunciou
sem demora.
-Aécio...
Colocaram alguém para o seu lugar, seu Antonio disse que você não precisa mais
ir – disse Pedro quase sem parar
-Não
pode ser, como vou me sustentar agora – Questionou Aécio
-Eu
também não sei quem ele é, mas me parece que não é daqui de Sousa!
-Seu
Antonio não poderia ter feito isso comigo.
-se
eu fosse você eu iria lá falar com ele!
-Não!
– Aécio deu uma pausa – ele vai precisar de mim!
-Mas,
eu acho que não vou conseguir lidar com tudo isso, o aluguel da casa, o valor
da energia, o valor da água... eu não vou poder pagar isso sozinho
-Calma,
ele não pode me colocar pra fora assim, eu tenho direi...
Antes
que Aécio terminasse de falar, Pedro Puxou uma sacola que tinha muito dinheiro,
e entregou a Aécio.
-Tome
– Disse Pedro, entregando a sacola – Ele disse que ta tudo aí, seus direitos,
tudo que ele devia a você também está aí
-isso
não pode está acontecendo – Aécio parecia deprimido, agora ele estava sem
emprego, e desanimado. – acho que vou ter que voltar pra minha Família em Patos.
Patos
também na Paraíba é uma cidade próxima, que também fica no interior da Paraíba,
a cidade onde a família de Aécio morava.
-Vou
ficar só com metade deste dinheiro, isso vai te ajudar, vou ajeitar minhas
coisas e amanhã eu depois do almoço eu sigo para minha cidade natal!
-vou
sentir sua falta meu amigo, tem certeza que quer fazer isso?
-sim,
os empregos aqui em Sousa estão acabando, acho que lá em Patos, vou ter mais
chance perto da minha família!
-está
bem, mas escreva pra mim, e fique com minhas coleções de filmes e livros –
disse Pedro abrindo os braços.
Os
dois se abraçaram com tom de despedida. Os dois jantaram a noite depois do
expediente de Pedro. E no outro dia pela manhã Aécio saiu pra caminha enquanto
Pedro Dormia, ele foi até onde o templo shaolin ainda existia, mas desta vez
viu só um dos homens, o mais moreno e forte, fazendo movimentos demonstrativos
com uma lança bem maior que ele. Ele se manteve escondido com vontade de
começar a falar com o jovem que treinava sozinho, mas ele estava decidido a
voltar pra sua cidade.
Aécio
voltou a descer o morro, e seguiu rumo até a casa na Rua principal se Sousa. A
o chegar em casa, Pedro ainda estava no quarto, a porta o quarto de Pedro
estava meio aberta, e um forte cheiro vinha do seu quarto, ele sentiu que
alguém havia entrado na casa, então rumou para o quarto de Pedro e chamou-o
-Pedro,
Pedro, PEDRO, ACORDA, ACORDA – Com a mão ele pegou no ombro de Pedro e o virou,
ele caiu no chão e se arrastou até a parede, seu coração batia tão forte que
quase saia pela caixa torácica, a imagem de Pedro com a Garganta cortada, e seus
olhos abertos, por varias vezes ele desviou o olhar para não ver aquela cena, e
o cheiro que o incomodava ainda vinha do quarto ao lado.
Aécio
se levantou correndo e escorregando e foi até o seu quarto, quando abriu a
porta tudo estava em chamas, ele não conseguia ver nada além de fogo e fumaça,
uma labareda saiu pela porta o atingindo no peito, fazendo com sua camisa pegue
fogo, ele conseguiu a tirar rapidamente, mas não evitou que ela tocasse em
outros moveis da casa, fazendo com que uma seqüência de moveis pegasse fogo,
ele correu com intenção de salvar o corpo do seu amigo, mas o fogo já havia
atingido o quarto de Pedro, quando tuo começou a desabar ele olhou pela janela,
e viu a silhueta de alguém alto segurando uma espada ninja em uma mão, e a outra
com uma tocha acesa.
Sem
hesitar, ele correu pra fora da casa em chamas e rumou atrás da pessoa que ele
viu na janela.
Muitas
pessoas se aglomeraram, para ver o fogo que já consumia toda a casa, e
observaram Aécio sair correndo a casa em chamas.
-CHAMEM
OS BOMBEIROS – Gritou Aécio, ainda correndo para traz da casa onde ele viu o
vulto, mas chegando lá ele não via mais nada, só fogo, ele sentiu algo se
movendo a suas costas, ao se virar o homem que ele teria visto a dias atrás,
treinando com o outro no templo, olhava pra ele. Então Aécio correu a seu
encontro e o homem desviou o seu ataque, e fugiu, Aécio o seguiu, com os olhos
lacrimejando.
Os
dois correram pelas trilhas, ele ainda via pessoas o observando-o correndo, mas
não os via se voltando contra o homem que corria pela frente. Os dois
alcançaram a trilha que dava no morro, correram mais alguns quilômetros, até
chegar mais perto, o homem que corria na frente com enorme facilidade pulou as
pedras do inicio do morro deu outro toque no chão e já estava no topo olhando
pra baixo esperando que Aécio subisse também, quando Aécio se aproximou do topo
o homem desceu com rapidez, o homem guardou a espada e apagou a tocha, colocou
as mãos pra traz como uma ninja e desceu o morro, correndo muito rápido até a
entrada no templo, Aécio escorregou desengonçado pela descida do morro até
encontrar com o homem.
-você
o matou, você matou meu amigo, queimou a casa, você tem que pagar pelo que você
fez – Aécio tentou um soco alto no rosto loiro do homem, mas sem sucesso, o
rosto do homem era muito rígido e seus músculo trincados.
O
homem permaneceu levando golpes e ainda assim sorrindo, um dos socos atingiu o
rosto do homem, que agora falou:
-Pare
– disse o homem pegando na mão de Aécio e o imobilizando no chão muito rápido –
vou te levar para conhecer o nosso mestre.
-Eu
não quero conhecer mestre nenhum, eu tenho que voltar e denunciar você – disse
Aécio com tom de ameaça
-sinta-se
a vontade, volte lá, e encontre a casa em chamas e a policia pronta pra ti
prender, afinal você é o principal suspeito de matar o seu colega, Pedro não é,
é uma pena ter que acontecer isso, mas...
-você
o matou, as pessoas estavam na rua quando eu estava atrás de você
-sim,
as pessoas estavam, mas eles só viram você correndo
Aécio
ficou pensando por vários minuto olhando para o homem que agora se identificou:
-Eu
sou Daniel Leão, sou o segundo na linha sucessória deste templo, fui
encarregado de ti recrutar
-me
recrutar, você só pode tá louco, eu não vou ficar aqui.
Aécio
rumou até o inicio do morro, mas Daniel Leão o alcançou e o acompanhou até o
alto
-Aécio,
posso te garantir que se você passar deste topo sua vida via mudar, você vai
ser preso, vai mofar na cadeia, é isso que você quer
-Daniel,
se eu to sendo acusado e desapareci, minha família vai ser interrogada e podem
ser interrogados e até mortos pela policia a minha procura, você acha que eu
vou deixá-los sozinhos?
-é
exatamente esse o ponto fale com o nosso mestre, e você entenderá
-Não
– disse Aécio decidido
Aécio
olhou para o alto do morro e viu vários policiais em cima do morro, eles
olhavam para baixo, mas não pareciam vendo nada
-uma
capela, com alguns sinos e um rio correndo por baixo de uma ponte – Disse
Daniel leão olhando para Aécio – é o que todos eles vêem.
-Então
ele não está nos vendo, mas seu passar pelo morro...
-Eles
prendem você, exatamente
-Mas
como isso é possível?
-Só
uma pessoa pode te responder isso
-Quem?
-O
mestre!
Demorou,
mas Aécio estava finalmente concordando com Daniel, eles rumaram até a o
templo, quando entraram tudo era escuro, iluminado apenas por algumas velas que
estavam em seus candelabros, e varias portas de madeira apareciam durante o
percurso, e mais a frente uma porta central em madeira com um tigre esculpido
em cima de um dragão, Daniel bateu na porta e a abriu em seguida, a sala
parecia muito limpa, com estantes se estufando de pergaminhos e livros, um
quadro muito grande, o seu tamanho dava pra imaginar que seria uma porta para
um mundo paralelo. Em sua frente na ponta de uma pequena escada um senhor que
aparentava seu muito velho que barba e bigodes muito finos e seus cabelos
prateados batiam na cintura.
-Mestre
Inagata – Daniel Leão falou
-Mestre
o que? – perguntou Aécio
Ao
olhar novamente para o senhor, o viu de pé, em sua frente, o olhando, e Aécio
foi forçado a chegar mais perto, foi então que o senhor Inagata falou com uma
voz muito sofrida
-Finalmente
nos encontramos, espero a muito tempo pelo terceiro sucessor do meu trono,
aquele que brilhara sempre na escuridão, aquele que sobreviverá a batalha das
batalhas.
Por
um instante eles se contemplaram, e mestre Inagata continuou.
-Seu
nome é Aécio, a décadas te procuro, você restaurará a ordem do Kung Fu Saolin
do Norte, seu nome está naquela placa, os três pilares.
Aécio
olhou para uma placa de pedra que estava em cima de uma escrivaninha, ele viu
três nomes:
-Jun
Dragon o Temido, Daniel Leão o leal, e o Tigre Preto o Determinado – Leu Mestre
Inagata.
-Eu
sou Daniel Leão, o segundo na sucessão – Afirmou Daniel
-Jun
Dragon, está cumprindo uma missão fora daqui – Disse Inagata
-Então
eu sou “O Tigre Preto”? – Questionou Aécio
-Sim!
– Respondeu Inagata – O Único!
CAPITULO 2
O juramento
Aécio
ainda se questionava sobre o motivo de ser ele o escolhido pelo mestre Inagata,
suas mãos suavam e seus pelos se arrepiavam constantemente, sabendo ele que
iria ficar longe de sua família, e sendo acusado De um crime que ele não
cometeu.
Ele
jamais pensou que sentiria tanto a morte do amigo Pedro, a companhia que estava
com ele já há três anos, e era a única pessoa com quem ele costumava falar, a
não ser de vez em quando alguns bons dias dados aos seus visinhos, um casal de
idoso e uma família que morava em um prédio em frente a sua antiga casa.
Durante
um tempo pensando no acontecido ele ainda estava parado de pé com Daniel Leão
as suas costas, ele só estava de short e com o seu tênis branco de caminhada,
mestre Inagata rompeu o silencio
-Não
tem outra opção, você é o nosso tigre branco – disse o mestre Inagata com
firmeza – sei que você ta pensando na sua família, no seu amigo e na sua vida a
partir de agora. Meu caro Jovem, o shaolin antigo tem poderes especiais cedidos
pelos Deuses antigos da guerra, nós temos o que outras pessoas não tem, vemos o
que outras pessoas não vêem, sentimos o que outras pessoas não sentem.
Diferente do que conta nos filmes ou o que os livros retratam, as Arte Shaolin
assim como outras artes marciais não foram feitas para paz, ou para filosofia,
a guerra existe e é muito antiga.
A
mudança repentina na vida de Aécio o assustava, ele aceitou a nova vida com
questionamentos internos que o perturbará pelo resto de sua vida.
Ele
se sentiu puxado para fora da sala do mestre pelo braço forte de Daniel leão, e
caminhou com ele até a saída do templo; os dois já estavam sentaos nos
primeiros degraus de pedra que existia na escada de entrada.
-você
agora é um de nós – Disse Daniel leão – Nós somos os dignos do templo do
shaolin perdido.
-o
templo do shaolin perdido? – questionou Aécio
-Sim,
mas é o mestre Inagata que vai te explicar melhor depois
-você
ta aqui há muito tempo?
-Sim,
há uns Dez anos. Jun Dragon, tem uns Quinze ou Dezesseis anos.
-Eu
entrei agora, será que eu aprenderei rápido todas essas coisas?
-Não,
com certeza não, Nós demoramos muito também, o mestre Inagata é muito exigente
e pouco explicativo.
-Quem
vai me treinar?
-Nós,
eu e o Jun, vamos treinar sua parte física assim que ele voltar da missão!
-Que
Missão é essa?
-Ele
lhe contará quando chegar!
-Mas
você também nunca responde nada, eu quero saber de tudo, já que eu vou viver
aqui agora.
-Eu
te disse meu nome, te disse que iria treinar sua parte física, e te apresentei
a o mestre Inagata. Você pergunta de mais!
Houve
um breve silêncio entre os dois, Aécio observava alguns tocos de maddeiras
enterrados no chão de barro batido, dois dos tocos eram bem quebrados e velhos,
e o terceiro ainda tinha aparência de recém plantado com o barro que o rodeava
mais vermelho que os outros. Até que Daniel rompeu o silencio
-Está
olhando os tocos, eles são para treinarmos, nós batemos neles para deixar
nossos punhos mais rígidos – Disse Daniel leão
-O
que? Eu vou ter que bater naquilo?
-Sim,
mas com o tempo você se acostuma, e nem sente mais – Daniel leão falou
mostrando as mãos encaliçadas, seus dedos tinham calos que pereciam bolas de
gude e eram ressecados parecia que a casaca da arvore tinha se esculpido nos
dedos de Daniel.
Mais
uma vez os dois olhavam para o centro do que parecia mais um sítio com grandes
arvore, e um terreno grande vazio onde aconteciam os treinos, um calor tomava
de conta agora que já estava próximo do meio-dia. A fome apertava e Aécio não
via a hora alguém o chamar para almoçar.
-Daniel,
qual o horário que vocês almoçam?
-Ah,
Quase me esqueci, vamos!
-Pra
onde?
-Para
os nossos quartos, o almoço é servido lá!
-Não
vou nem perguntar como!
Os
dois rumaram para seus quartos, Daniel esperou que Aécio abrisse logo a porta
dele, e falou,
-Não
se assuste – disse Daniel Alarmante
-Com
o que? – Disse Aécio já abrindo a porta
Ao
abrir a porta, algo no quarto estava diferente, agora no lugar de suas coisas
no quarto existia uma mesa com vários tipos de comida e bebidas, desde carnes,
molhos, folhas, cereais e tudo que se podia imaginar para um almoço.
-Não
é só isso – Disse Daniel – Se você também desejar Sobremesa, é só fechar os
olhos por dez segundos, e não vale abrir só um, ou ficar com o olho quase
fechado, a mágica não acontece se você tiver olhando, é como um tipo de truque
de Mestre Inagata. Bom Agora vou indo que eu também estou com fome.
Era
muita comida, ele nunca tinha tido tanto em sua mesa, nem em patos nem em
Sousa, ele pegou varias colheres de feijão e arroz, grandes bifes e molhos de
todos os tipos macarrões, tudo era muito delicioso, e ele não cansava de comer,
a mesa já estava quase vazia, ele pensou que não iria conseguir comer mais, mas
de alguma forma ele ainda sentia fome, como se toda comida que ele tivesse
comido sumisse de sua barriga; ele resolveu fechar os olhos e desejar a
sobremesa, ele pensou em abrir os olhos, mas resolveu não arriscar. Ele abriu
os olhos após os dês segundos, era inacreditável, todos aqueles bolos, tortas e
sorvetes que enfeitavam a mesa.
“isso
é muita loucura”
Ele
devorou alguns pedaços de bolo e finalmente estava cheio, sua barriga pesava,
ele precisava descansar, seus olhos pesavam o sono era muito forte, ele não
conseguia imaginar como iria dormir em um cenário de cozinha sentado em uma
cadeira e deitado em um bolo de chocolate, era muito estranho seus olhos o
forçavam a fechar-los, após alguns segundos ele recobrou o domínio sobre seus
olhos, mas o sono ainda era grande, mas o cenário agora era do seu quarto ele
estava sentado no colchão, olhando para o teto um relógio que marcava doze
horas e quarenta minutos, o tic-tac pareciam muito altos e seus olhos tornaram
a fechar.
“os
seus passos eram longos, sua visão estava rente ao chão, o capim raspava em seu
peito e seus pés quase não tocavam o chão, ao longe ele via um bode, ele o
espreitava, e de repente de um salto ele agarrou e mordeu o pescoço do bode e o
trouxe para a sua caverna, largou o corpo do bode e sentia sangue em sua boca,
o bode parecia morto, uma mordida muito funda se via em seu pescoço, mas algo
não estava certo, o bode o olhava se pondo de quatro patas e com a voz de Pedro
ele falava – Aécio acorda, Tigre preto, Acorda cara.
Daniel
Leão estava em seu quarto, ele acabara de acordar, eram seis e meia da manhã, o
café da manhã estava na mesa a sua frente, sua cama novamente havia dado lugar
a cadeira de madeira, instintivamente ele pegou o pão e mordeu, mastigou e
tomou um gole de chá para acompanhar, e ainda de boca cheia falou:
-O
que houve? - perguntou assustado
engolindo um grande pedaço de pão
-O
café é servido às seis horas, já são seis e meia, nosso tempo é contado, você
tem que se apressar, Jun Dragon chegou, e Mestre Inagata quer ver nós três.
-Será
que se eu fechar os olhos minhas roupas se vestem sozinhas?
-Não
sei, faça o teste
Aécio
desejou que sua roupa se vestisse nele, mas nada aconteceu
-Pode
sair Daniel, encontro você ai fora – disse Aécio se levantando, e indo em
direção a parede, mas não se via mais o armário de suas roupas
-Não
se esqueça de desejar seu quarto, se não você não vai trocar de roupa. – Daniel
Leão saiu pela porta batendo
Seu
quarto tornou a o normal, ele vestiu as únicas peças de roupa que estavam na
porta do seu guarda roupa, uma cueca, um shorte, uma túnica, uma longa
vestimenta que mais pareciam pedaços de panos bem coloridos, em um espelho sujo
ele se viu, e pensou “será que eu também tenho que desejar minhas roupas?”, ele
amarrou uma fita em sua cabeça e uma longa faixa branca em sua cintura, ele não
sabia como, mas mesmo assim o fez.
Quando
ele saiu do seu quarto viu Daniel Leão esperando-o quase vestido do mesmo
jeito, a tira na sua testa era laranja, e um detalhe circular vermelho que se
parecia com um sol de sangue, os dois rumaram para fora, e lá estavam O mestre
Inagata e um homem mais forte que Daniel Leão, sua pele era morena e seus
cabelos eram longos na cintura.
-Venha,
Tigre Preto, Daniel leão, se aproximem, tenho que falar com vocês Três. – Disse
o mestre Inagata
Os
dois desceram a escada, Aécio parecia nervoso, mas não parava de encarar Jun
Dragon. A o chegar próximo dos dois, Mestre Inagata se afastou,estendeu sua mão
e deixou cair duas sementes no chão rapidamente cresceu uma arvore enorme com
quatro lados quadrados. Mas Antes que qualquer um pudesse falar qualquer coisa,
Mestre Inagata tornou a falar com eles se aproximando.
-O
juramento sagrado dos ninjas do clã do dragão negro, a verdadeira guerra se
aproxima, em suas vestes tem um pergaminho, por favor, peguem!
Os
três pegaram pedaços de pergaminhos com algumas palavras escritas, o pergaminho
parecia antigo com pedaços rasgados, porém onde as letras estavam se lia muito
claramente
-Eu
quero que os três encostem sua mão direita na arvore e com a esquerda segurem o
pergaminho, eu colocarei minha mão também, escolham seus lados e quando estiver
prontos eu começarei – Disse Inagata
Os três encostaram suas mãos direitas na
arvore, com a esquerda seguraram o pedaço de pergaminho e Avisaram juntos
“Pronto”
-Pois
bem, Começaremos, quando eu terminar de falar vocês iram ler tudo que está
escrito; ao final fechem os olhos e mantenham as mãos na arvore, não abram os
olhos até que passe o efeito, uma coisa eu aviso, vocês sentiram varias coisas,
espíritos gelados tocaram em vocês, não abram os olhos, nem tirem as mãos da
arvore só quando escutarem o meu comando. Entenderam?
“Sim
Mestre” – Os três responderam quase automaticamente
-Agora,
ouçam minhas palavras; Oh grandes Deuses da guerra, iniciaremos nossas
batalhas, coloco o destino desses três Guerreiros em suas mãos, ouçam o que
eles diram! – Inagata terminou sua parte e os três irromperam o silencio:
“Deuses
da Guerra, Nós somos os guerreiros místicos do templo perdido, guerrearemos com
nossas vidas, daremos nosso sangue, derramaremos sangue inimigo,
reconstruiremos nosso império, seremos irmãos de batalhas, viveremos e
morreremos pelo bem de nosso povo, A partir de agora, nossa alma é sua, nossa
espada e todos os nossos instrumentos de guerra, agora e até a nossa morte”
Os
três fecharam os olhos e brisas geladas começaram a circular, mãos frias tocaram
as costas de Aécio, algo muito gelado o puxava para fora, ele tentava manter a
mão na arvore, ele sentia algo sair dele, o gelo congelava seu sangue, barulhos
de galhos se movendo era o único som que ele escutava, e a voz de Inagata
finalmente podia se ouvir
-Abram
os olhos – disse Inagata
Os
três caíram no chão, ofegando, Aécio perghjuntou:
-Nossas
almas foram tiradas de nós?
-Sim
Jovem – Respondeu Inagata – vocês fizeram o grande juramento, vocês agora são
uma irmandade, nada nem ninguém poderá derrotar vocês, somente quem tiver a
mesma força e espíritos iguais conseguirão.
CAPITULO 3
Persista
Aécio
não fazia idéia do que o aguardava, dali por diante tudo passava a ser
novidade, ele jamais treinara qualquer arte marcial, e imaginando que seria
igual aos filmes de Bruce Lee e Chuck Norrys, Mas o shaolin que lhe aguardava
era diferente de tudo que ele já havia presenciado.
Ao
termino do café da manhã no dia seguinte começaria seu treinamento, mas seus
parceiros, e Leão e o Dragão, já eram bem mais avançados, como ele iria
acompanhar o ritmo do treino dos dois ninjas.
Antes
que ele levanta-se da mesa em seu quarto, o mestre Inagata estava em sua porta,
com sua velha batina até os calcanhares, seu rosto pálido, começou a falar:
-
eu sei que você tem se preocupado com seu treinamento, você jamais teve contato
com outra arte marcial, por isso você vai treinar comigo, antes de acompanhar
seus parceiros, você precisa de instruções especiais.
Aécio
parecia assustado, mas por um breve momento ele se levantou e acatou as
palavras do seu mestre
-Certo
mestre – Aécio sentio um frio na barriga muito forte
-Troque
de roupa e me encontre em minha sala – Mestre Inagata falou caminhando em
direção a sua sala
Quando
o Tigre preto trocou de roupa e saiu em direção a sala, encontrou com Daniel
leão saindo de seu quarto, mas sua expressão era de dor, ele estava com o braço
cortado, e não dirigiu a palavra a ele, só correu em direção à saída do templo.
Aécio
caminhou mais alguns metros até chegar, de frente a uma grande porta central;
no instante em que ele iria bater a porta se abriu sozinha, e a imagem que ele
viu não é nada parecia com aquela sala de antes, parecia um verdadeiro núcleo
de treino, mestre Inagata estava com uma roupa menor, que lhe deixaria mais
confortável.
-Entre
Tigre – Chamou o mestre – venha até mim
Inagata
estava á pelo menos dez metros de distancia, a ilusão de que o quarto de
expandiu mostrava que o mestre era muito poderoso
Preto
não demorou pra dar o primeiro passo pra dentro da grande sala,ele pisou em um
cão com textura de barro batido, ele juntou as pernas no mesmo local que
pisara, já dentro da sala, ele tentou caminhar, mas seu pé grudou no chão, ele
se desequilibrou, e quase caiu; ele estava sem entender, seu peso aumentou como
se tivessem três elefantes em cima dos seus pés, ele não conseguia se mover, e
o mestre inagata falou:
-Seu
primeiro treino será vir até mim, será que você consegue?
-Eu
mal posso mexer meus pés, o que é isso mestre – Questionou Preto assustado
-Isso
se chama vontade – disse o mestre Inagata – você ainda está assustado, ainda
está duvidando, ainda não acredita no poder do kung fu; vamos tigre Preto, preencha
seu coração com vontade. Isso não é uma questão física!
Durante
minutos ele tentou em silencio, ele não pensava em mais nada, a não ser pela
grande vontade de sair do chão pelo menos um passo, Mestre Inagata também
permaneceu em silencio pelo menos trinta minutos antes de recomeçar a falar.
-Vamos
lá, vou te contar uma história pra te animar a sair daí – Mestre Inagata sentou
no chão e começou a falar – agora feche os olhos, e preste atenção na minha
voz.
“Um
Jovem de mais ou menos vinte anos, foi recrutado para uma seita antiga, ele não
fazia idéia de que era de fato um seita, mas as pessoas eram agradáveis e o
tratavam bem, e isso era o que importava, ele tinha contato direto com seu
recrutador, que vez por outra lhe trazia alimento em seu quarto, os dois
passaram a serem amigos, andavam na rua, mas o jovem ainda não sabia o que de
fato seria lhe oferecido dentro desta organização, mas ele queria ser útil, e
aquilo lhe preenchia de tal forma que quando ele estava só era só no que ele
pensava.
Certa
vez o seu recrutador disse que recebeu ordens para que ele lhe dizer qual seria
sua função, e em fim ele descobriu o que ele teria que fazer pra finalmente
começar suas atividades. No começo ele teria que abandonar tudo, sua família,
seus amigos, tudo que ele havia conquistado até ali. Depois ele ficava poderoso
e lutaria contra as seitas rivais, ele viveria em função disso e isso pesou
contra toda aquela vontade que ele tinha de estar ali, ele precisou se despedir
das pessoas, mas foi impedido, ele não pode dar um ultimo adeus, tudo que ele
conhecia agora estava morto, ele não tinha alternativa, a não ser ficar lá para
sempre.
Assim
ele iniciou suas missões, matando pessoas, mas antes ele teve que se encher de
vontade de ficar lá, demorou muito até ele querer novamente, ele precisou de
treinos e conselhos, mas aquela era sua única alternativa, então ele começou a
pensar por ele, decidiu agir por conta própria contra sua seita. Ele descobriu
o esconderijo secreto de seu líder, descobriu que haviam mais pessoas do que
ele imaginava, um a um ele matou os membros da seita, e por fim invadiu a sala
secreta de seu líder e lutou até que ele conseguisse matar seu líder.
Ele
ficou sozinho, as outras seitas jamais souberam que o que acontecera naqueles
dias. Só havia um jeito de ele ter conseguido derrotar seus próprios lideres,
ele quis que isso acontecesse e não desistiu até que sua missão fosse cumprida.
O
jovem conseguiu se reerguer, e lutar por si só contra outras forças, ele estava
sozinho, até que ele conheceu pessoas, ele finalmente teve uma filha e tinha
uma vida comum, mas ele vivia em tempos difíceis, ele viu sua mulher morrer em
sua frente e sua filha ser seqüestrada, por um exercito que escravizava pessoas
e principalmente crianças.
Ele
sabia que não podia enfrentá-los, nem sabia por onde começar, o único jeito era
montar um exercito de pessoas eficientes e poderosas, ele desenvolveu métodos inteligentes,
ele criou coisas jamais vistas antes, ele desenvolveu raras habilidades, e
resolveu passar isso pro seu pessoal a fim de resgatar sua filha que ele nem
sabia se ainda estava viva, ele demorou muito para conseguir finalmente
recrutar um grande exercito, eles lutaram por muitos anos.
O
grande exercito não deu jeito e seus soldados leais morreram ou desertaram o
deixando sozinho novamente. Ele passou a viajar pelo mundo e finalmente
descobriu a magia do shaolin, que se juntou com suas habilidades e o já não tão
jovem descobriu que um grande exercito não era necessário para um suposto
resgate, ele passou a procurar pessoas por sua energia, e foi difícil encontrar
os eleitos, as três pessoas que o fariam ter sua filha de volta, depois de
muito tempo buscando ele foi achando pouco a pouco.
Ele
finalmente se preencheu de novo com vontade de lutar. Seu nome é Inagata”
Aécio
ficou chocado com a história de seu mestre, ele era um dos eleito e conseguir sentir
sua história semelhante a sua, ele era o tigre que tinha que resgatar sua
filha, a serpente desenhada no quarto da filha do mestre está lá e ela nem se
quer tinha entrado. Ele se pôs em pensamento no lugar do mestre e sua vontade
de lutar o preencheu, ele agora conseguia se mexer levemente para a frente, o
peso em seus ombros foi saindo, e ele já estava mais próximo do mestre.
-Vamos
Preto, venha até mim – Mestre Inagata passou a incentiva-lo – você sabe que você
quer isso, se preencha, vamos falta pouco.
Preto
finalmente estava aos pés de Inagata, e sem força caiu desmaiado
continua...
continua...